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Aulas de Dança do Ventre em São Gonçalo - Alcantara

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Estudo sobre Sansão e Dalila

 

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Sansão Viu Uma Mulher
Logo depois da conquista da terra prometida sob a liderança de Josué, o povo de Israel abandonou o Senhor e começou a adorar os baalins e a Astarote. Por isso, Deus entregou os israelitas nas mãos de Cusã-Risataim, o rei da Mesopotâmia, que oprimiu a nação durante oito anos. Daí quando os israelitas clamaram ao Senhor, ele levantou Otniel para libertá-los. Este ciclo (de infidelidade, opressão, oração e salvação) se repetiu múltiplas vezes no livro de Juízes. Pelo final do livro uns doze juízes tinham-se levantado para salvar o povo das mãos das nações opressoras. Nestes ciclos o povo de Israel piorou cada vez mais (2:19, todas as citações neste artigo que não mencionam o livro são de Juízes), e a qualidade dos juízes refletiu a postura do povo.
Assim, o último juiz do livro, Sansão, foi o pior de todos. Ele tinha tudo para ter êxito. Antes do nascimento dele, o Anjo do Senhor apareceu aos pais para exortar sua mãe a que se consagrasse ao Senhor e que o filho fosse dedicado ao Senhor como nazireu pela vida inteira. Quando ele cresceu, o Espírito do Senhor entrou nele e agiu nele. Sansão ganhou pela vontade do Senhor força sobrenatural e conseguiu fazer coisas inconcebíveis. Não houve nenhum motivo para que ele falhasse.
O problema chave na vida de Sansão se resume na primeira sentença que descreve a vida dele: "Desceu Sansão a Timna; vendo em Timna uma das filhas dos filisteus..." (14:1). Desta vez ele pediu que os pais conseguissem esta mulher para ele mas eles responderam:"Não há, porventura, mulher entre as filhas de teus irmãos ou entre todo o meu povo, para que vás tomar espos dos filisteus, daqueles incircuncisos? Disse Sansão a seu pai: Toma-me esta, porque só desta me agrado" (14:3). Deus já havia mandado que Sansão iniciasse a libertação dos israelitas das mãos dos filisteus, porém ele estava apaixonando-se por mulher filistéia (13:5)! Isso provocou terríveis complicações (veja capítulos 14 e 15).
Houve outras ocasiões parecidas. "Sansão foi a Gaza, e viu ali uma prostituta, e coabitou com ela" (16:1). "Depois disto, aconteceu que seafeiçoou a uma mulher do vale de Soreque, a qual se chamava Dalila" (16:4). Nestes dois casos, houve dificuldades. Por último, ele revelou o segredo da sua força a Dalila e ela cortou seu cabelo, o que permitiu aos filisteus prenderem-no e cegarem-no. Ele ficou escravo. Sansão se parecia muito com os próprios israelitas. Os dois nasceram de forma milagrosa, foram chamados a dedicação a Deus, receberam o Espírito de Deus, mas correram atrás das coisas (mulheres/ídolos) dos estrangeiros. O Senhor abandonou tanto Sansão como Israel sem nem eles terem percebido. Eles se tornaram escravos dos filisteus. É triste que Sansão e Israel tivessem tanto potencial, mas perdessem tudo por causa da sua infidelidade ao Senhor. Consideremos algumas exortações que aprendemos.
Não deixemos que a aparência se torne muito importante nas nossas relações
Parece que Sansão pensou apenas na beleza externa. Certamente ele não se preocupou com questões de religião, nem de moralidade. Ele esteve com várias filistéias e até mesmo com, pelo menos, uma prostituta. Nós vivemos numa cultura fixada na beleza externa. Pessoas gastam muito tempo e bastante dinheiro para tentar aprimorar sua aparência. Quanto a isso, Pedro aconselhou: "Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus" (1 Pedro 3:3-4). Nossa preocupação não deve ser com enfeitar o corpo, mas com santificar o coração. Do mesmo modo, a nossa principal procura em termos de namoro e casamento não deve ser a beleza física. O que deve pesar muito mais para nós é o caráter espiritual. Quando o Senhor preenche nossa alma, a beleza física sem espiritualidade deve ser até repugnante para nós.
Evitemos o desejo pecaminoso
Sansão deixou que seus olhos o levassem a uma paixão indevida. Ele ficou fixado pelo desejo carnal e perdeu o juízo. Ele nem conseguiu por duas vezes se controlar na presença da insistência de uma mulher pela qual ele havia ficado apaixonado (veja 14:16-17 e 16:15-17). É interessante que Sansão depois ficou cego. Jesus exortou-nos a que, de certa forma nos cegássemos: "Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno"(Mateus 5:29). Jesus falou isso imediatamente depois de ter avisado: "Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela" (Mateus 5:28). Para tirar os pensamentos sensuais da mente temos que começar a tirar os olhos das cenas indiscretas. A determinação de Jó é um bom modelo: "Fiz aliança com meus olhos; como, pois, os fixaria eu numa donzela?" (Jó 31:1). Não é possível alimentar nossa mente com lixo e imaginar que depois seremos capazes de preservá-la limpa.
Em termos práticos, cristãos têm que evitar as fontes de imagens sensuais. A internet, os filmes, os programas de televisão têm que ser controlados cuidadosamente. Conheço irmãos que simplesmente evitam estas coisas porque percebem que não conseguem controlar-se quando se aproximam do fogo. Tomar decisões radicais quanto ao pecado (até o ponto de arrancar o olho, Jesus afirmou) é bem sensato. Temos que imediatamente desviar os olhos de mulheres que estão vestidas de forma sensual. Talvez determinaremos evitar certos lugares - a praia, por exemplo, porque lá há tantas pessoas usando roupas escandalosas, e sabemos que ficaríamos tentados a pensar de forma sensual.
Deixemos de ser pedra de tropeço
Jesus avisou com bastante franqueza: "Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!" (Mateus 18:6-7). Tenho conversado com muitos homens sobre estes assuntos. A maneira de mulheres se vestirem, às vezes até mesmo de mulheres cristãs, dificulta bastante manter o pensamento puro por parte dos irmãos. Discípulos que estão se esforçando para não olhar para mulheres encontram sérias complicações quando suas irmãs se vestem de uma forma que atrai a atenção deles. Muitas vezes, as irmãs nem percebem que estão fazendo tropeçar seus irmãos, e outras vezes não se importam com o tropeço porque querem atrair atenção. Mas de qualquer jeito, visto que Jesus advertiu tão severamente quanto às pedras de tropeço, seria aconselhável que as mulheres cristãs refletissem bastante sobre este ponto. Certamente o jeito de elas se vestirem é capaz de complicar a vida espiritual dos irmãos.
Não sejamos levados pela aparência quanto ao que parece certo
Um tema do livro de Juízes é que as pessoas seguiram os seus próprios sentimentos e acabaram estragando a vida espiritual. Não devemos seguir o que vemos, antes devemos seguir o que Deus ordena. Em 17:6 e 21:25 foi escrito: "Cada um fazia o que achava mais reto". Foram épocas desastrosas na história do povo de Deus. Não há momentos piores do que os eventos dos capítulos 17 a 21 de Juízes. Eles devem nos levar à convicção de que seguir nossos sentimentos, nossas emoções, enfim, o que parece certo para nós, leva a desastre. A chave da vida sensata é viver conforme aos princípios e aos mandamentos do Senhor. Sansão destruiu sua vida deixando seus olhos determinarem sua conduta.
Sigamos Jesus, nosso maior modelo
Jesus sempre nos mostra o caminho mais certo. Note essa profecia sobre ele: "Não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos; mas julgará com justiça os pobres e decidirá com eqüidade a favor dos mansos da terra..." (Isaías 11:3-4). Isaías afirmou que Jesus, como o Juiz, nunca seria levado pela aparência das coisas, mas com discernimento profundo julgaria com retidão absoluta. Devemos seguir a ele. Paulo exortou Timóteo a que ele não mostrasse parcialidade e não se enganasse por avaliações precipitadas de pessoas (1 Timóteo 5:21-25). Especialmente quando Timóteo estava indicando presbíteros ele não deveria impor as mãos sobre alguém irrefletidamente, pois nem sempre o verdadeiro caráter da pessoa fica evidente à primeira vista.
Nossa visão será uma bênção quando for usada da forma correta. Jesus era aquele que deu aos cegos a capacidade de enxergar (veja Isaías 42:7), mas esta capacidade deve ser usada da forma certa. Pois como qualquer outra habilidade dada por Deus, o homem é capaz de abusar dela. A vida de Sansão deve nos advertir do perigo do mau uso de nossos olhos.

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Texto-base: Juízes 13.1-5, 24-25.
Introdução – Sansão foi um dos mais importantes servos de Deus no Velho Testamento. Sua história traz várias lições para os cristãos da atualidade, principalmente os líderes.
1- O Senhor escolheu Sansão - Vocação, consagração e missão – Jz.13.5.
Sansão foi escolhido e consagrado ao Senhor para realizar a missão de libertar Israel das mãos dos filisteus. Ele se tornou juiz e deveria ter sido um grande libertador.
2- O Senhor capacitou Sansão - Bênção e unção - Jz.13.24-25.
Ele foi abençoado e ungido com o Espírito Santo. Como conseqüência, possuía uma força física descomunal. Sua força não estava em seus cabelos, mas o corte seria desobediência, e por causa disso ele ficaria fraco. Todos os nazireus tinham cabelos compridos, mas não eram fortes como Sansão.
3- O Senhor estabeleceu regras – Jz.13.5.
Sansão deveria obedecer as leis do nazireado (Nm.6). O nazireu devia ser mais puro que o israelita comum. Ele não podia beber vinho nem cortar os cabelos. Ele não podia tocar em cadáveres nem se aproximar deles, mesmo que fosse de sua mãe. Se sua missão é especial, você deve ser especial, e isto pode exigir sacrifícios.
4- Sansão teve vitórias e experiências extraordinárias.
Ele matou um leão (Jz.14.5-6); matou 30 homens (Jz.14.19); matou 1000 homens (Jz.15.15); Deus fez sair água da rocha para ele (Jz.15.19).
5- Sansão quebrou as regras divinas.
Vitórias e transgressões se intercalavam em sua vida.
- Ele tocou no cadáver do leão para retirar mel. Ficou extasiado ao encontrar doçura no meio da podridão. Sansão pensava que podia se deliciar com o que Deus proibiu. Comer mel não era proibido, mas ele não poderia retirá-lo de um cadáver. Em nossas vidas, procuramos coisas certas em lugares errados, coisas boas em lugares ruins. Aquilo que “matamos” não pode ser reaproveitado. O leão morto não nos serve mais.
- Sansão ocultou o seu erro (Jz.14.9).
Um nazireu não era infalível, mas, se pecasse, deveria fazer o sacrifício determinado pela lei afim de ser perdoado e retomar a normalidade de sua consagração (Nm.6.9-12). Sansão escondeu o que devia ser confessado e, mais tarde, veio a revelar o que devia ficar em segredo.
- Ele tocou no cadáver de um jumento, quando usou uma queixada para matar os inimigos. Ele pensava que os meios justificavam os fins.
6- Sansão andou muito no território do inimigo, vivendo perigosamente, com emoções e riscos desnecessários.
Ele poderia ter ido lá para destruir o inimigo, mas ia para se confraternizar com eles.
- Ele se casou com uma filistéia, contrariando seus pais (Jz.14.1-3). Deus permitiu, mas as conseqüências foram ruins. Através dela os inimigos se aproximaram de Sansão para destruí-lo. Ele escapou, mas perdeu a mulher.
- Ele se envolveu com uma prostituta filistéia (Jz.16.1). Os inimigos o cercaram, mas ele escapou novamente.
- Ele se envolveu com Dalila (Jz.16.4). Os inimigos se escondiam dentro da casa dela (Jz.16.9). Com quem estamos nos envolvendo? A pessoa tem compromisso com Deus ou está com o Diabo dentro de casa?
- Naquele relacionamento pecaminoso, por três vezes ele foi preso, mas escapou ileso (Jz.16.9,12,14). Por isso, concluímos que Sansão:
- Fez “pouco caso” dos inimigos.
- Tornou-se auto-confiante.
- Achou que sempre escaparia, mesmo pecando.
- Estava servindo como “cobaia” para os testes de estratégia dos inimigos.
- O amor foi usado como pretexto para o pecado e como argumento de chantagem (Jz.16.15-17). Satanás continua fazendo isso hoje com grande eficiência. O “amor” tem sido pretexto para a prostituição, o adultério, a poligamia, o divórcio, o homossexualismo, etc. Paixão e desejo são confundidos com amor.
- Os inimigos não eram mais fortes do que Sansão, mas eram astutos (Ef.6.11-18). Satanás e os demônios não nos enfrentam diretamente, mas não param de trabalhar nos bastidores para a nossa destruição.
- Sansão pretendia que seu envolvimento com Dalila posse algo momentâneo, mas ficou eternamente vinculado a ela. Prazeres passageiros podem ter conseqüências eternas. Onde quer que alguém mencione Sansão, lembrar-se-á também de Dalila.
- Sansão dormiu no território do inimigo (Jz.16.13,19). O repouso de Sansão era sinal de sua tranqüilidade irresponsável. Ele não vigiou (em todos os sentidos do termo). Ficou acomodado em seu estado pecaminoso. “Não durmamos como os demais” (ITss.5.6), pois “o inimigo” não dorme.
7- Sansão foi derrotado.
- Ele não podia ser destruído por 1000 homens, mas foi derrotado por uma mulher. Enfrentava a espada, mas foi vencido por uma navalha. A prostituição e o adultério já derrubaram muitos homens. Ele foi preso, cegado, humilhado e escravizado. Este é o plano de Satanás para todo homem. Sansão serviu de palhaço no templo de Dagom.
8- Sua morte.
Para que o nome de Deus não fosse envergonhado, o Senhor lhe concedeu um último momento de força, com a qual abraçou as colunas do templo, trazendo-o abaixo. Inúmeros inimigos morreram, mas Sansão também morreu. A misericórdia do Senhor o alcançou no último momento de vida, mas sua história poderia ter sido outra.
Conclusão – Nós também somos chamados, escolhidos, abençoados e ungidos. Temos uma missão e muitos inimigos espirituais. Precisamos vigiar, pois o inimigo está sempre nos vigiando. O Senhor quer nos usar para que muitas pessoas sejam libertas. Não nos deixemos prender pelos inimigos que combatemos. Por mais fortes que sejamos, Satanás sempre atacará nossos pontos fracos. Qual é o seu ponto fraco? Cuidado com a navalha do inimigo!!!


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"A MATERNIDADE DE MARIA, CONSIDERADA EM SI MESMA"


São Bernardino de Sena, em um de seus deliciosos sermões marianos, dizia: "Vem-me à memória um dito de Santo Agostinho. Dizia ele que tinha três desejos: um, de ver Jesus Cristo corporalmente; outro, de ouvir São Paulo pregar; o terceiro, de ver Roma triunfar. E eu acrescento um quarto: ver a Virgem Maria com seu doce Filho no colo, com toda inocência e pureza".

Ver a Maria com seu doce Filho no colo! É o que tentaremos fazer na presente instrução.


O primeiro alicerce sobre que se levanta o edifício da grandeza mariana é constituído pelo fato, ou melhor, pela missão da Maternidade Divina. Este é um fato que excede de tal modo a força cognoscitiva do homem que deve ser enumerado entre os mistérios maiores de nossa fé, mistérios que, para serem conhecidos por nós, devem ser revelados por Deus. Que uma humilde mulher deste nosso pobre planeta, que uma de nossas irmãs, semelhante a nós, descendente de Adão como nós, se torne Mãe de Deus é um mistério tão sublime de elevação do homem e de condescendência divina que deixa atônita qualquer inteligência, angélica ou humana, no século e na eternidade.

No entanto, é precisamente isto o que vemos. Consideremos, pois, o fato da maternidade divina e suas múltiplas conveniências. 



I. O fato da maternidade divina


1. O conceito preciso da maternidade divina. - Para que uma mulher possa dizer-se verdadeira Mãe, é necessário que subministre à sua prole, por via de geração, uma natureza semelhante, ou seja, consubstancial à sua (Cfr. S. Th., p. III, q. 32, a. 3). Suposta esta óbvia noção da maternidade, não é tão difícil compreender-se de que modo a Virgem Santíssima possa ser chamada verdadeira Mãe de Cristo, tendo ela subministrado a Cristo, por via de geração, uma natureza semelhante à sua, ou seja, a natureza humana. Isso é óbvio. A dificuldade surge, ao invés, quando se procura compreender de que modo a Virgem Santíssima pode ser chamada verdadeira Mãe de Deus, pois não se vê bem, à primeira vista, de que modo Deus possa ser aquigerado. Não obstante isso, se se observar bem, as duas fórmulas: Mãe de Cristo e Mãe de Deus, se equivalem, pois significam a mesma realidade e são, por isso, perfeitamente sinônimas. A Senhora, com efeito, não é dita Mãe de Deus no sentido de que houvesse gerado a Divindade, ou seja, a natureza divina do Verbo (coisa absurda!), mas no sentido de que gerou, segundo a humanidade, a divina pessoa do Verbo. Com efeito o sujeito da geração e da filiação não é a natureza, mas a pessoa. Ora, a divina pessoa do Verbo foi unida à natureza humana, subministrada pela Virgem Santíssima, desde o primeiro instante da concepção; de modo que a natureza humana de Cristo não esteve jamais terminada, nem mesmo por um instante, pela personalidade humana, mas sempre subsistiu, desde o primeiro instante de sua existência, na pessoa divina do Verbo. Este e não outro é o verdadeiro conceito da maternidade divina, tal como foi definida pelo Concílio de Éfeso em 431.


2. Erros contra a maternidade divina. - Contra este conceito preciso da maternidade divina, surgiram direta e indiretamente vários erros, condenados pela Igreja.

Negaram indiretamente a maternidade divina todos os que afirmaram que Cristo não era verdadeiro homem (Docetas, Valentinianos e Anabatistas) ou verdadeiro Deus (Ebionitas, Cerintianos, Arianos, Racionalistas e Modernistas).

Negaram, por sua vez, diretamente a maternidade divina todos os que, embora admitindo que Cristo foi verdadeiro Deus e verdadeiro homem, adulteraram o modo de união entre a natureza divina e a humana. Tais foram os Eutiquianos, que ensinaram que a união se fez na natureza, de modo que, depois da união, havia não tanto uma só pessoa, mas também uma só natureza. Tais foram também, principalmente, os Nestorianos, os quais, tendo à frente Nestório, para salvarem em Cristo as duas naturezas (a divina e a humana), admitiram duas pessoas, moralmente unidas entre si. Admitindo-se essas duas pessoas em Cristo, seguir-se-ia que a Virgem Santíssima teria sido Mãe de Cristo homem (Christotokos) e não propriamente Mãe de Deus (Theotokos). Neste erro, condenado solenemente no Concílio de Éfeso em 431, se conservam em nossos dias os caldeus cismáticos, chamados Nestorianos.

Contra esses erros, levanta-se o fato inconcusso da maternidade divina, provada do modo mais luminoso pela Sagrada Escritura e pela Tradição.


3. As provas. a) A Sagrada Escritura. Esta nos diz explicitamente que a Virgem Santíssima é verdadeira Mãe de Jesus (Mt 2,11; Lc 2,37-48; Jo 2,1; At 1,14). Com efeito, Jesus nos é apresentado como concebido pela Virgem (Lc 1,31) e nascido da Virgem (Lc 2,7-12). Mas, Jesus é verdadeiro Deus, como resulta do testemunho explícito do mesmo Jesus, confirmado por milagres estupendos, pela fé apostólica da Igreja, pelo testemunho de São João, etc. Para se poder negar sua divindade, não há outro caminho senão rasgar todas as páginas do Novo Testamento. Ora, se Maria é verdadeira Mãe de Jesus e Jesus é verdadeiro Deus, segue-se necessariamente que Maria é verdadeira Mãe de Deus. Esta é uma prova geral.

Mais particularmente, em seguida, a divina maternidade de Maria resulta, do modo mais evidente, das palavras do Arcanjo Gabriel, das palavras de São Paulo e das de Santa Isabel. Disse o Arcanjo Gabriel a Maria: “Conceberás e darás à luz um filho a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo... o santo menino que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1,31). A Virgem Santíssima teria, portanto, de conceber e dar à luz o Filho do Altíssimo, o Filho de Deus, ou seja, Deus, conforme havia predito vários séculos antes Isaías: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho e ele será chamado o Emanuel (ou seja, Deus conosco)” (Is 7,14).

São Paulo ensina explicitamente que, “chegada a plenitude dos tempos, Deus mandou seu Filho, feito de uma mulher” (Gl 4,4). Por estas palavras, manifesta-se claramente que Aquele que foi gerado ab aeterno pelo Pai é o mesmo que foi, depois, gerado no tempo pela Mãe; mas Aquele que foi gerado ab aeterno pelo Pai é Deus, o Verbo; portanto, também o que foi gerado no tempo pela Mãe é Deus, o Verbo. Ainda mais clara e explícita, em seu vigor sintético, é a expressão de Santa Isabel. Respondendo à saudação que Maria lhe dirigira, Santa Isabel, inspirada pelo Espírito Santo, como acentua São Lucas, disse, cheia de admiração: “E como me é dado que a Mãe de meu Senhor venha a mim?” (Lc 1,43).

A expressão meu Senhor é, evidentemente, sinônimo de Deus, pois que, logo depois, Isabel acrescenta: “Cumprir-se-ão em ti todas as coisas que te foram ditas da parte do Senhor”, ou seja, da parte de Deus. Isabel, portanto, inspirada pelo Espírito Santo, proclamou explicitamente que Maria é verdadeira Mãe de Deus. Era a condenação antecipada dos Eutiquianos e dos Nestorianos.

b) A Tradição. Toda a Tradição cristã, a partir dos tempos apostólicos, é uma proclamação contínua desta verdade mariológica fundamental. Nos dois primeiros séculos, os Padres ensinaram que Maria concebeu e deu à luz Deus. No terceiro século, começa o uso do termo que se tornou clássico: Theotokos, ou seja, Mãe de Deus. O primeiro a usar esse título parece ter sido Orígenes, chefe da célebre escola de Alexandria. Também na célebre prece “Sub tuum praesidium”, muito difundida entre os cristãos do século III, a Virgem Santíssima é invocada como Mãe de Deus.

No século IV, mesmo antes do Concílio de Éfeso, a expressão Mãe de Deus se tornara tão comum entre os cristãos, que dava nos nervos do Imperador Juliano, o Apóstata, o qual se lamentava de os cristãos não se cansarem nunca de chamar a Maria deMãe de Deus. João de Antioquia aconselhava a seu amigo Nestório para não insistir demasiado em negar este título, a fim de evitar tumulto do povo. O próprio Alexandre de Hierápolis, cognominado de “outro Nestório”, reconhecia que a expressão “Mãe de Deus” estava em uso entre os fiéis desde muito tempo. - A exultação mesma que os fiéis demonstraram, quando a maternidade divina foi definida solenemente como dogma de fé, comprova até à evidência quão profundamente estava radicada essa verdade fundamental na alma daqueles antigos cristãos. Com efeito, sabe-se que, logo que teve conhecimento da notícia, a população de Éfeso aclamou entusiasticamente os Padres do Concílio e os acompanhou a suas residências com archotes acesos.



II. Múltiplas conveniências


No fato sublime da divina maternidade de Maria, a razão, iluminada pela fé, discerne uma tríplice conveniência, a saber, da parte de Deus, da parte de Cristo, de nossa parte.

1. Conveniência, antes de tudo, da parte de Deus. - Com efeito, no dogma da divina maternidade de Maria se refletem do modo mais vivo e esplêndido aqueles três atributos que Deus mais deseja manifestar aos homens para lhes conquistar a inteligência e o coração, a admiração e o amor: a sabedoria, a justiça, a bondade infinita.

a) Esplendor da sabedoria. - A divina maternidade de Maria nos faz, antes de tudo, como tocar com as mãos quão grandes sejam os tesouros da sabedoria divina.

Absolutamente falando, o Filho de Deus teria podido tomar um corpo em tudo semelhante ao nosso sem recorrer a uma Mãe, como fez ao criar o primeiro homem. Mas, para tirar ao homem orgulhoso todo pretexto plausível de negar a realidade da Encarnação, milagre do amor do Criador por sua criatura, decidiu sabiamente tomar esse corpo de uma Mãe, uma verdadeira Mãe. E assim se fez. E, quando lemos que o Filho de Deus foi concebido, nasceu de Maria e, à semelhança de qualquer outra criança, ficou sujeito à sua Mãe, somos forçados, sem mais, a deduzir que Ele foi verdadeiro homem, como era verdadeiro Deus. Vívidos esplendores da sabedoria divina, diante dos quais não podemos deixar de exclamar: “O altitudo divitiarum sapientiae et scientiae Dei!” “Ó profundidade das riquezas da sabedoria e ciência de Deus!”.

b) Esplendores da justiça. - O segundo atributo que resplende com uma luz vivíssima no mistério da divina maternidade de Maria é a justiça.

Com efeito, era justo que, assim como a mulher se achara na origem de nossa prevaricação, também se encontrasse na origem de nossa reabilitação. E Deus fez assim. Se, na origem de nossa prevaricação, havia estado Eva, na origem de nossa reabilitação colocou Maria.

c) Esplendores da bondade. - Porém, não menos do que a sabedoria, não menos do que a justiça, na divina maternidade de Maria brilha com vivíssima luz também a bondade de Deus, aquela bondade tão grande, tão inesgotável, que, ao difundir seus benefícios, não excetua ninguém, assim como o sol, que difunde seus raios sobre todos, indistintamente.

Com efeito, a mulher fora a primeira a pecar. Ora, em sua infinita, inesgotável bondade, Deus não a abandonará ao desprezo, à abjeção que ela havia merecido para si pecando, mas a exaltará tanto quanto é possível exaltar a uma criatura humana. Se, com o encarnar-se, honrará o sexo forte, também honrará, nos limites do possível, o sexo fraco, querendo ser devedor de sua humanidade a uma mulher, chamando-a a cooperar desse modo em uma obra tão sublime. Portanto, Santo Agostinho tinha razão ao exclamar: “Não vos deprecieis, ó homens: o Filho de Deus se fez homem. E vós, mulheres, não vos deprecieis: o Filho de Deus nasceu de uma mulher”. Como foi bom o Senhor!

Sem dúvida, o privilégio da maternidade divina pertence somente a uma mulher, é inteiramente próprio da bendita entre todas as mulheres, Maria; mas os esplendores da mesma se refletem sobre todo o seu sexo.

Essa maternidade impõe o respeito, o maior respeito para com a mulher. Era, pois, com razão que um poeta do século XII cantava cristãmente: “É preciso recordar, diante de uma mulher, que uma mulher foi a Mãe de Deus”. E era o que fazia sempre aquele grande amante da Sabedoria que foi o Bem-aventurado Henrique Suso. Um dia, encontrando uma mulher em uma rua muito suja da cidade, colocou-se do lado da lama para deixar passar a mulher pelo único lado enxuto por que se podia andar. Notando este ato de humildade, a mulher lhe disse: Padre, que fazeis? Vós sois sacerdote e religioso, como cedeis, então, o lugar a mim que sou uma pobre mulher e me cobris assim de confusão? Mas frei Henrique respondeu: Irmã minha, é meu costume honrar e venerar todas as mulheres, porque elas recordam a meu coração a poderosa Rainha do céu, a Mãe de meu Deus, à qual me sinto tão grato. A mulher levantou os olhos e as mãos ao céu, dizendo: “Suplico a essa poderosa Rainha, que vós honrais em nós mulheres, de vos conceder antes da morte algum favor especial”. Como é eloqüente este episódio gracioso da vida de um santo! A quem, pois, perguntasse se Deus conseguiu seu propósito de reabilitar a mulher, bastaria responder: Lede o que a história conta sobre a mulher antiga e o que os viajantes nos contam do estado degradante em que ainda hoje se acha a mulher, onde reina a lei de Maomé, e entre todos os povos que desconhecem a grande e doce Mãe de Deus; lede tudo isto e, depois, passai pela mente todos os nossos países cristãos, e vede: “Veni et vide”. Lá, a mulher é uma coisa, um instrumento qualquer de entretenimento; enquanto para nós é uma pessoa a que se reconhecem todos os direitos. Lá, a mulher é uma escrava; enquanto para nós é uma rainha. E deve tudo isto à bondade de Deus, que se dignou de exaltar uma mulher à sublime dignidade de sua Mãe.


2. Conveniências da parte de Cristo. - Às conveniências da parte de Deus, juntam-se as conveniências da parte de Cristo. Com efeito, Jesus veio a este mundo para nos obrigar quase a amá-Lo e para nos dar o mais fúlgido exemplo de todas as virtudes, particularmente da humildade e da obediência, com o que nos queria curar das feridas produzidas em nós pela soberba e pela desobediência. Ora, com a Encarnação realizada mediante uma mulher, atingiu de modo verdadeiramente admirável este seu duplo escopo. Com efeito, quem jamais hesitará um instante de aproximar-se de um Deus que se apresenta sob a amabilíssima figura de uma criança, nos braços de sua Mãe? Não se sentirá, ao contrário, impelido a cantar com São Bernardo: “Parvus Dominus et amabilis nimis” - “Pequeno é o Senhor e tão amável”? Apresentando-se assim, Ele não pode deixar de conquistar o coração dos homens. Além disso, submetendo-se à Virgem Santíssima na qualidade de verdadeiro filho seu, Jesus nos deu o mais fúlgido exemplo que se possa jamais imaginar de humildade e obediência.


3. Conveniências de nossa parte. - Convenientíssima da parte de Deus, convenientíssima da parte de Cristo, a maternidade divina foi também convenientíssima de nossa parte. Com efeito, foi conveniente que Deus tomasse natureza humana em uma mulher, a fim de que uma pessoa criada (a pessoa da Virgem Santíssima) fosse unida a Deus, a título de pessoa, do modo mais íntimo possível, como uma natureza criada (a natureza humana de Cristo) de acha unida a Deus, a título de natureza, do modo mais íntimo possível. De tal modo, a pessoa humana foi exaltada, na Virgem Santíssima, ao mais alto grau que se possa imaginar, a ponto de confinar com o infinito.


UMA OBJEÇÃO. - Poder-se-ia talvez objetar: Maria não gerou a Divindade, mas somente a humanidade; portanto, não pode ser chamada de Mãe de Deus, porém só de Mãe do Homem.

Falso! Toda mãe é, com efeito, mãe da criança que concebe e dá à luz; mas, que coisa dá ela à criança? Porventura, sua alma? Não! Ela gera direta e imediatamente só a parte sensível do homem, ou seja, o corpo do homem. A alma, essencialmente imaterial, é criada diretamente por Deus e infundida no corpo. Portanto, rigorosamente falando, a mãe não concebe toda a natureza do filho que nascerá, porém só uma parte, um dos elementos dessa natureza, o corpo. Contudo, é chamada simplesmente e com razão mãe daquela criança, e não somente a mãe de um elemento daquela criança. Poder-se-ia acrescentar que os pais ocasionam, pelo menos, essa criação da alma, ou seja, dispondo o elemento sensível, levam Deus a efetuá-la; com isto, teriam o direito de ser chamados pai e mãe.

É verdade! Mas, outro tanto se pode dizer de Maria. Embora não tenha dado a Jesus a divindade e a alma humana, foi, contudo, a causa em virtude da qual existe um ser composto de natureza humana e de natureza divina, unidas em uma só Pessoa, o Homem-Deus. Portanto, ela tem todo o direito de ser chamada Mãe de Deus.

Esse título só poderia ser contestado a Maria se seu Filho Jesus se tivesse tornado Deus após o nascimento. Certamente, não se poderia, em tal caso, afirmar que ela houvesse gerado o Homem-Deus e se deveria, mais corretamente, usar a fórmula: Maria gerou um homem que, depois, se tornou Deus. Mas a coisa foi bem diversa. No mesmo instante em que ela se tornou Mãe (a saber, apenas pronunciando o seu Fiat), o Verbo de Deus tomou carne e natureza humana em seu seio; foi justamente isto que a tornou Mãe. Não se fez, portanto, Mãe, senão concebendo o Homem-Deus. E, assim como o homem formado em seu seio não teve jamais uma subsistência ou personalidade própria, senão a do Verbo, que é divina, também o Filho de Maria é o próprioFilho de Deus, Deus e Homem: a qualidade de Filho não se atribui, de fato, só ao corpo, mas à pessoa, como a Pedro, Paulo, etc.


CONCLUSÃO. - A Virgem é, portanto, verdadeira e própria Mãe de Deus! Prostrados humildemente a seus pés, possamos nós saudá-la e repetir-lhe com a maior certeza: Ave, ó Mãe de Deus! Pode-se, porventura, imaginar uma saudação mais solene do que esta?

Mas, apartando um momento o olhar do fulgor de tanta grandeza e pousando-o por alguns instantes em nossa baixeza, unamos à saudação ainda a invocação de seu valioso patrocínio, dizendo-lhe: “Ó Mãe de Deus, tão grande e tão santa, recordai-vos de mim, tão pequeno e tão pecador!”


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

As mulheres proféticas, mulheres que oram, mulheres de fé!



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“...O profetismo é também o anúncio da esperança, da utopia que buscamos e que não nos deixa desanimar, porque temos a promessa o futuro, assim como já conduziu os passos dos profetas e pais que nos precederam na fé.” (CAVALCANTE, 1987)
         Ao falar em profecia, profetas e profetismo imediatamente pensamos nos grandes nomes de Amós, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Elias; todos homens grandiosos que fazem parte do cenário profético das Escrituras Sagradas. Porém se olharmos atentamente os textos bíblicos numa perspectiva feminina veremos que, no percurso do agir profético, houve, como ainda há em nossos dias, a participação insubstituível da mulher.
No entanto, se a leitura bíblica que fazemos ainda é carregada de pré-conceitos e estereótipos masculinos, as mulheres profetisas não serão encontradas facilmente, mesmo por que a tradição judaico-cristã nunca fez questão de reconhecer esta participação na história da salvação. Mesmo hoje, parece que a lista de mulheres mártires e profetisas lembradas em nossas liturgias não enche uma página. Será que as mulheres não participam ou será que continuam propositalmente esquecidas?
Hoje há milhares de mulheres, judias, protestantes e católicas que procuram fazer uma leitura bíblica no contexto do povo, enfatizando o papel das mulheres e de outros marginalizados na Bíblia. No entanto, a força da visão patriarcal da religião é tão universal, que milhares de mulheres ainda acreditam que Deus (um puro espírito sem gênero) é masculino e por isso sempre escolheu homens e continuará a escolhe-los como profetas, sacerdotes e governantes do povo por serem “melhores e moralmente mais fortes do que as mulheres”.
Mas isso não precisa continuar sendo assim, uma visão histórica e socialmente construída leva quase o mesmo tempo para ser desconstruída, é o que as mulheres, profetisas de nosso tempo estão tentando forjar. É o que nos mostra a afirmação de uma delas, num ensaio sobre mulheres na Bíblia:
“As biblistas feministas, em geral, são multidisciplinares em sua abordagem do texto bíblico. Elas trabalham com a análise literária, a antropologia, a sociologia, a lingüística, a filosofia e a psicologia. A interligação de todos esses campos permite penetrar o texto em seu contexto de povo de Deus num mundo abrangente. Essa leitura é importante para todas as religiões.” (Ana Flora Anderson, s/d)

            Ao falarmos de profetismo feminino, logo de cara nos deparamos com o que alguns autores/as denominam ocultamento e nós concordamos com eles. Em nossas leituras e análises, observamos que as mulheres aparecem muito nos textos, mas em geral, mesmo quando sua presença é importante, seu nome é substituído ou acompanhado por sua função familiar: a irmã de Moisés, a mãe dos macabeus, a mulher do profeta; e hoje ainda- a mãe do padre Josimo, as mães da praça de maio, as margaridas, a viúva do Chico Mendes, etc. é por essas e outras que necessitamos de um olhar atento, vigilante, quando quisermos descobrir onde há mulheres atuando, fazendo, criando, lutando e proferindo uma palavra profética na história.

2. Profetisas do Primeiro Testamento

2.1.Miriam ( Ex 15,20-21;Mq 6,4; Nm 12)
            A Bíblia cita inegavelmente a profetisa Miriam como uma das envolvidas no projeto de libertação dos hebreus junto com Aarão e Moisés. O cântico de Miriam é um dos mais antigos escritos da Bíblia, o que denota que desde o começo houve a presença de mulheres na história de Israel acontecida e também na história escrita.
         Miriam é aquela que puxa o cordão das mulheres, toca tamborim, dança e canta em homenagem a Javé, o libertador. Obviamente o texto menciona seu parentesco com Aarão, mostrando uma forma de não deixar a liderança de uma mulher sobressair sozinha. No entanto em Miquéias 6,4, Miriam aparece em pé de igualdade com Moisés, mas no capitulo 12 dos Números, ela é punida com a lepra por contestar Moises e só é curada com a mediação do mesmo.
         Apesar das tentativas de diminuir sua importância, uma leitura do ponto de vista da mulher coloca Miriam em destaque e seu profetismo consiste na liderança das mulheres, no louvor e reconhecimento ao Deus que liberta e quer vida digna para todos e todas.
2.2. Débora (Jz 4-5)
             Num momento de fraqueza e dispersão das tribos, a juíza Débora convoca o chefe Barac e todos os guerreiros para lutar em defesa do povo e sob a proteção de Javé. O texto fantástico de Juízes 4 deixa claro o brilho de Débora, assim como o de Jael em oposição à fraqueza masculina revelada em Barac e Sísara. É esse texto que ressalta o profetismo de Débora e seu papel: despertar as lideranças adormecidas, convocar as tribos para a união, levantar o ânimo de todos e sobretudo convocar à fé no Deus libertador. Essa é fé cantada em ritmo de festa e louvor, terminando com um grito confiante:
“Aqueles que te amam, Javé, que eles sejam como o sol quando se levanta em sua força”(jz 5,31)
          Mais tarde, a carta aos Hebreus (11,33) fará menção ao tempo dos juizes, citando vários e até o covarde Barac,mas omite Débora. É preciso que as mulheres e também os homens de hoje desconstruam essas idéias de exclusão ou diminuição do papel da mulher contidas na Bíblia, analisando o contexto do escrito e pondo as cartas na mesa.
2.3 Hulda (2 Rs 22,14-20)
         No tempo da reforma de Josias, a infidelidade a Javé e a idolatria se tornam um perigo iminente, Josias pede seus homens de confiança para consultarem a Javé, no entanto eles se dirigem a Hulda, que prediz a desgraça de Jerusalém. Sua função é comparada a de muitos profetas que são consultados pelos reis em momentos difíceis e decisivos. Seu profetismo consiste em alertar a consciência de fé do povo, e tal consciência emerge, com o mesmo grau de agudeza, entre homens e mulheres.
2.4. Agar (Gn 16; 21,8-21)
         Desculpe-nos os biblistas tradicionais se não nos reportamos a matriarca Sara e sim a Agar. Acreditamos que devemos isso a ela e a todas as mulheres negras, escravizadas e espoliadas de nossa história. Os dois textos apresentam a história de Agar e seu filho Ismael, que mesmo diferentes entre si, revelam a resistência de Agar a submeter-se a uma situação de injustiça, na qual ela reivindica os direitos de seu filho, o primogênito de Abraão.
         A história de Agar entra em sintonia com a história de milhares de mulheres, mães solteiras ou abandonadas pelos maridos, tendo que arcar sozinhas com a criação dos filhos. E o incrível é que vendo a história por essa ótica, Abraão, nosso pai na fé, fica em maus lençóis, foi omisso, deixou que seu filho fosse embora, viver em condições difíceis no deserto com sua mãe, tendo na casa do pai todo o conforto.
         Porém Javé, que é o Deus da vida, recompensa Agar a ela se manifestando e anunciando a promessa de grande descendência. E ainda que Sara nos pareça vitoriosa, Javé não abandona Agar que foi oprimida, mas cumpre sua promessa, acompanha e protege dos desvarios de sua  “senhora”.
2.5. Ana ( 1Sm 1, 1-2, 11)
            Ana é encarada como a profetisa que inspirou o Magnificat. Sendo estéril, é agraciada por Javé com um filho, que consagra a Deus por toda a vida. Ela, humilhada por Fenena, outra esposa de Elcana, seu marido, representa a grande massa oprimida que não tem voz e nem vez e até o pão lhe é dado com indiferença e desprezo. Mas ela não se deixa subjugar e confia no Deus que dá vida, liberta e faz justiça. Seu cântico deixa a perspectiva individual de uma mãe que se rejubila com a gestação, e passa ao louvor do Deus cheio de sabedoria e justiça.
2.6. Rute e Noemi (livro de Rute)
            O livro de Rute não enfoca especificamente o carinho filial de uma nora por sua sogra, mas aborda a questão da terra, da fome e da família de Israel. Duas mulheres em condições peculiares: uma viúva (Noemi) e a outra também viúva e estrangeira (Rute, a moabita). Ambas vão lutar pela sobrevivência numa situação precária na qual fazem valer a lei a seu favor.
         O profetismo de Rute e Noemi consiste na afirmação da vida e da posteridade da família e do povo, num contexto de total desesperança.
“Rute, cujo nome significa amiga ou saciada, é o símbolo da mulher por quem o povo renasce, porque sua fé foi agraciada e sua esperança tornou-se fecunda”.
2.7. Ester (livro de Ester)
                    A personagem de Ester surge ligada a um contexto de perigo iminente do extermínio do seu povo. O livro relata o episodio da historia dos judeus em que um alto funcionário da corte do Rei Assuero decreta o extermino dos judeus. Ester, esposa do rei, de origem judia, expõe sua vida na tentativa de impedir que o decreto fosse cumprido e consegue inverter o processo. Ela representa uma mulher aparentemente frágil, que assume a defesa do povo ameaçado, e para faze-lo convoca todos os seus ao jejum e a união de forças.
2.8. Judite (livro de Judite)
            Trata-se de uma história fictícia que objetiva restabelecer a fé no Deus que “está conosco” e recuperar a confiança do povo, mantendo-o fiel ao projeto de Javé. Como Jael e Ester, Judite arrisca sua vida e usa seus encantos femininos para cativar e depois trair o general inimigo e assim salvar os filhos e filhas de Israel.
         O bonito dessa narrativa é que não há negação da corporeidade feminina, claramente explicita no grau de erotismo e sensualidade presentes no texto. Mas o conteúdo mais profundo da atuação feminina,está no modo como Judite se dirige aos chefes da cidade para dizer-lhes que não se pode tentar a Deus, dando-lhes prazos de intervenção. De Javé só se pode esperar ação livre e gratuita.
         Oração e ação caminham juntas no profetismo de Judite, que ora e jejua no tempo da provação e preparação, e canta e dança, enfeita-se e distribui ramos às companheiras para celebrar a vitória e a paz. Como Débora, Miriam e Rute, Judite também nos oferece um cântico de alegria contagiante que enriquece a escritura sagrada, esculpindo nela os contornos de nossa feminilidade.
         No momento mais decisivo de sua atuação, sua oração faz lembrar aos homens e mulheres de nossa sofrida América latina que nosso Deus é nossa força, “é o Senhor quem protege o oprimido”:
“Teu poder não está no grande número, nem tua soberania entre os que tem força. És o Deus dos humildes, o socorro dos oprimidos, o amparo dos fracos, o protetor dos abandonados, o salvador dos desesperados” (Jt 9,11)
2.9. A mãe dos Macabeus
         Embora se trate de uma obra edificante, os fatos relatados devem ter algum fundamento histórico e o episódio relativo à mãe dos macabeus não deve ter surgido do nada. O livro refere-se às lutas dos Judeus, liderados por Matatias e seus filhos, especialmente Judas Macabeu, contra os reis selêucidas, que quiseram impor os costumes gregos na Judéia. No contexto apocalíptico colorido de terror, como se vê pela descrição do martírio dos sete filhos, a figura que mais se sobressai é a da mulher. Seui profetismo marca esse momento de modo especial. Gallazzi afirma que aquela mãe se torna o símbolo “do povo pobre que resiste, recupera sua memória e elabora uma contra-ideologia, que sustenta a resistência e a luta do povo. A mulher ‘produz’ uma nova mística de vida, num momento que reina a morte”.
         A profissão de fé daquela mãe corajosa assume uma conotação bem feminina, dirigindo-se a seus filhos na língua de seus pais, exortando-os e animando com ardor viril o seu raciocínio de mulher (2 Mc 7,21). Trata-se de uma confissão de fé explicita no ato criador de Deus que gera  os homens através do seio da mulher e cujo poder é capaz de tirar da morte aqueles que foram assim gerados.
         Como essa mulher que não tem nome, milhares de mulheres insurgem contra a ideologia vigente sendo protagonistas anônimas contra a violência do opressor que atinge mulheres e crianças indefesas nos conflitos de terra, na guerra urbana do dia-a-dia, nas favelas, becos e guetos de nossa espoliada América Latina.


'O dogma da Imaculada
A Virgem Maria foi preservada de toda mancha do pecado'

Por ter sido escolhida para ser a Mãe do Verbo humanado, a Virgem Maria foi concebida sem o pecado original. A Mãe do Filho de Deus não poderia ter pecado nenhum, pois ela é a mulher saudada pelo Anjo como “a cheia de graça” (gratia plena); nela tudo é graça.
Os padres da Igreja chamam a Mãe de Deus de "a toda santa" ("Pan-hagia"); celebram-na como "imune de toda mancha de pecado, tendo sido plasmada pelo Espírito Santo, e formada como uma nova criatura" (LG 56). "Bendita és tu entre as mulheres..."(Lc 1,42). O Concílio de Trento confessou que:
“Foi ela que, primeiro e de uma forma única, se beneficiou da vitória sobre o pecado conquistada por Cristo: ela foi preservada de toda mancha do pecado original e durante toda a vida terrestre, por uma graça especial de Deus, não cometeu nenhuma espécie de pecado” (DS 1573).
É de notar que em 1476 a Festa da Imaculada Conceição foi incluída no Calendário Romano. Em 1570, o Papa Pio V publicou o Novo Ofício e, em 1708, o Papa Clemente XI estendeu a festa a toda a Cristandade tornando-a obrigatória.
Em 27 de novembro de 1830, Nossa Senhora apareceu a Santa Catarina Labouré, na Capela das filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Paris, e lhe pediu que mandasse cunhar e propagar a devoção à chamada “Medalha Milagrosa”, precisamente com esta inscrição: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.
O Papa Pio IX na Bula "Ineffabilis Deus", de 8 de dezembro de 1854, pronunciou, solenemente como dogma a verdade que a Igreja tomou conhecimento ao longo dos séculos: Maria, "cumulada de graça" por Deus, foi redimida desde a concepção. Disse o Sumo Pontífice:
"Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, foi por singular graça e privilégio de Deus onipotente em previsão dos méritos de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, preservada imune de toda mancha de culpa original, foi revelada por Deus, portanto, deve ser firme e constantemente acreditada por todos os fiéis" (DZ 2803).
É fundamental entender que esta santidade absolutamente única da qual Maria é enriquecida desde o primeiro instante de sua conceição lhe vem inteiramente de Cristo: "Em vista dos méritos de seu Filho, foi redimida de um modo mais sublime" (LG 53). Mais do que qualquer outra pessoa criada, o Pai a "abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo" (Ef 1,3). Ele a "escolheu nele (Cristo), desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada em sua presença, no amor" (Ef 1,4). (cf. Catecismo da Igreja Católica §492).
Isso significa que Nossa Senhora também foi salva pelos méritos de Cristo, mas de maneira diferente de nós. Enquanto nós fomos feridos pelo pecado original, e depois livres dele pelo batismo, a Virgem Maria foi preservada do pecado (como que vacinada). Assim, todos fomos salvos do pecado por Cristo. O fato de Cristo ter nascido depois da Mãe, não O impede de tê-la salvo, pois para Deus o tempo não é um limitador como para nós; Ele é o Senhor do tempo.
É muito significativo que, quatro anos depois de o Papa Pio IX ter proclamado esse dogma, Nossa Senhora se revelou a Santa Bernadete Soubirous, na Gruta de Lourdes desta forma: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Bernadete, pobre menina camponesa, não sabia o que aquilo significava, mas toda a Igreja já conhecia a proclamação do dogma. Maria veio a terra confirmar a verdade e infalibilidade do Papa.
São Bernardino de Sena, falecido em 1444, diz a Virgem Maria:
“Antes de toda criatura fostes, ó Senhora, destinada na mente de Deus para Mãe do Homem Deus. Se não por outro motivo, ao menos pela honra de seu Filho, que é Deus, era necessário que o Pai Eterno a criasse pura de toda mancha” (GM, p. 210).
E pergunta Santo Anselmo, bispo e doutor da Igreja (†1109):
“Deus, que pode conceder a Eva a graça de vir ao mundo imaculada, não teria podido concedê-la também a Maria?”. “A Virgem, a quem Deus resolveu dar Seu Filho Único, tinha de brilhar numa pureza que ofuscasse a de todos os anjos e de todos os homens e fosse a maior imaginável abaixo de Deus” (idem, p. 212).
Santo Agostinho de Hipona, Bispo e doutor da Igreja (†430) disse:
“Nem se deve tocar na palavra “pecado” em se tratando de Maria; e isso por respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça” (ibidem, p. 215).
Pergunta São Cirilo de Alexandria (370-444), bispo e doutor da Igreja:
“Que arquiteto, erguendo uma casa de moradia, consentiria que seu inimigo a possuísse inteiramente e habitasse?” (GM, p. 216). Assim Deus jamais permitiu que seu inimigo tocasse naquela em que Ele seria gerado homem”.
Afirma Santo Afonso de Ligório (1787), doutor da Igreja:
“Se conveio ao Pai preservar Maria do pecado, porque Lhe era Filha, e ao Filho porque Lhe era Mãe, está visto que o mesmo se há de dizer do Espírito Santo, de quem era a Virgem Esposa” (GM, p. 218).
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3. Mulheres e Profetismo hoje: Para não concluir nossa conversa
            Ler a Bíblia na ótica da mulher significa procurar o que cada texto diz às mulheres de hoje, de modo a impugnar qualquer interpretação distorcida pelo machismo. A interpretação da Bíblia sempre foi masculina, pois o masculino era tido como universal. Mas se a idéia de universal passa pela ótica de que todos somos iguais, embora diferentes, homens e mulheres devem se sentir incomodados cada vez que a leitura da Bíblia conduzir à desigualdades e discriminações de qualquer natureza.
         As profetisas de hoje estão saindo do anonimato e rompendo a cadeia da exclusão. Não podem ficar de fora dessa reflexão, as milhares de mulheres que fazem história em nosso continente e no mundo afora, cada uma a seu modo, com sua cultura e expressão, vão rompendo “as algemas”e mostrando a cara e a voz. Não estamos falando da “revolta dos sutiãs”, mas de mulheres que não aceitam a ditadura da beleza imposta pela mídia e arrebentam as correntes da violência doméstica, do direito de escolha, libertas e provocadoras de mudanças. Estamos falando das” mulheres que  assumem a defesa de seu povo com coragem  e firmeza( Jz 5, 28-30) e não ficam passivas  a esperar os homens voltarem da guerra com os despojos”.
         Parece-nos costumeiro ouvir dizer que os profetas estão mudos, ninguém anuncia ou denuncia mais, talvez seja por que  a voz dos homens que gritou durante séculos, inclusive abafando a voz das mulheres, esteja enfraquecida pelo egoísmo e falta de partilha na missão profética. Pare e pense: será que os profetas sumiram ou será que é a vez e a voz das profetisas que estão sobressaindo? As mães da praça de maio, as quebradeiras de coco babaçu, as rendeiras e doceiras reunidas em cooperativas, Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Maria da Penha, Doroty, as margaridas, as mulheres do MST e de outros movimentos populares, Oneide, Rosa, Ana Maria, Agostinha do Cebi, Tereza Cavalcanti, Inês, Catarina de Sena, Joana d’Arc, Anita Garibaldi, Ana Nere, e as milhares espalhadas por este mundo, incluindo todas as alunas das escolas bíblicas espalhadas pelos cantos desse pais, continuam como Raab, Séfora e Fuah, dentro do contexto de sua feminilidade a  gerar vida e vida em abundância para todos e todas.

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(PESQUISA DA FONTE)
Felipe Aquino:Prof. Felipe Aquino, casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Trocando Idéias".
COLEÇÃO: A PALAVRA NA VIDA. Mulher: Fermentando e Gerando Vida.Várias Autoras. nº 121.São Leopoldo,RS: Cebi, 2001.
CAVALCANTI.Tereza M. Mulheres e Profetismo no Antigo Testamento. In: Curso de Verão, Ano II. São Paulo: Paulinas, 1988.

STRÕHER. Marga J.(et al). À Flor da Pele: Ensaios sobre gênero e corporeidade. São Leopoldo,RS: Sinodal, Cebi, Est; 2004.